quinta-feira, 6 de agosto de 2009

FILA INDIANA

Gilberto de Nucci tem uma interessante visao em relação ao nosso comportamento. Para ele os seres humanos vivem como se estivessem numa fila indiana, cada um com uma sacola na frente do peito e outra sacola nas costas, onde nesta sacola do peito carregamos nossas virtudes, sabedorias e pontos positivos, e , na sacola de tras todos os nossos defeitos e pontos fracos.

Nesta fila indiana olhamos para o individuo da frente e identificamos neles apenas defeitos e caracteristicas negativas de seu comportamento, carregando no peito com um ar de superioridade tudo quilo que nos engrandece pois enxergamos apenas nossas virtudes esquecendo totalmente que atras de nos, pessoas notam nossas frquezas.

Na fila da vida devemos concentrar esforços na sacola que carregamos nas costas e aprender a admirar as sacolas que as pessoas carregam no peito pois assim como temos defeitos, temos qualidades.

O que me admira é que falamos,"É assim que eu sou e nao mudarei", sendo que o ser humano é um ser em constante mudança e em busca de novos desafios. Devemos mudar esta frase para" É assim que eu ESTOU", é um estado momentaneo, o que nao devemos esquecer é da importancia do constante aprendizado. O unico instrumento que nos ajuda é nossa capacidade de aprender, a busca constante da utopia chamada perfeição.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Depressão da máquina produtiva

Lembro-me com muita alegria de meu passado, uma infância maravilhosa, com pais-heróis, amigos que me faziam curtir a vida e brincar sem grandes responsabilidades.
Na infância sentimos tudo e todos os dias, a raiva de brigar com um irmão que pega seus brinquedos, a alegria de jogar bola com os amigos no campinho da rua, a tristeza de domingo a noite sabendo que amanha vai ter aquela aula chata. Vivemos como se nao existisse futuro para se preocupar e que a idade adulta é algo muito distante , afinal pra que se planejar se estou tao feliz no momento?

Vivia cercado de amigos(e grandes amigos), mas ao mesmo tempo um desejo enorme de crescer, de mudar, evoluir, afinal tenho muitas coisas grandes para conquistar, assim nessa ansiedade veio o ultimo ano do segundo grau, uma época de grande expectativa e algumas indagaçôes, " O que eu quero fazer da minha vida?" como se eu tivesse maturidade para decidir meu futuro para os próximos 50 anos( mas graças a Deus, a vida pode me dar opçôes de mudar, coisa que nao acontece com todos). Comecei a faculdade, a primeira experiencia de conhecer pessoas novas e a segunda de rever meus amigos apenas de vez em quando. Ao longo da faculdade, o amadurecimento e a firmação do que se quer, momentos felizes com pessoas que fazem valer as horas juntas diarias.

Assim a faculdade era a continuidade de minha vida, cercado de gente e vivendo momentos que ficam eternizados em nossa memória. Começa o desejo de acabar mais esta etapa, muito sacrifício, alegrias, trabalhos e planejamento para a vida pós-faculdade. Nao esqueço do profundo desejo de nao ver mais a cara de alguns professores.

Nisso acontece um dos momentos mais felizes da minha vida e um dos momentos mais tristes.
Mas como pode isso?Momentos felizes e tristes juntos?

Sim, isso mesmo, o dia da minha formatura.
Bom, vou separar esses momentos para melhor entendimento.
Senti uma profunda alegria no momento em que olhei para meus familiares e levantei as mãos com o tão desejado e aguardado diploma(que ainda nao era diploma, mas um certifado), e senti uma grande tristeza quando vi meus amigos na festa e nos abraçamos, só pensei em uma coisa, "Como vai ser daqui pra frente?" .

Começa ano novo, vida nova, pensei comigo"Nao vou parar" e iniciei na pós-graduação e no inglês. No trabalho fui promovido(trabalhando que nem um burro de carga), ao final do dia a dificil missão de ir a academia, afinal um triste destino para quem faz administração de empresas é a tao indesejada barriguinha(que desde novo me acompanhou).

Ao longo do ano a rotina, trabalho, almoço, trabalho, uma possivel academia e dormir pra trabalhar no outro dia. Sera que me preparei desde pequeno para isso? Ver sempre os mesmos rostos do trabalho, e meus amigos?
Me transformei em uma maquina produtiva.
Nasci para produzir, e quem nao produz é descartado, ou melhor dizendo, se descarta.
Mas e aquelas sensações da infancia?
Foi ai que percebi que o maior tesouro na vida de uma pessoa nao é o que ela conquistou, mas as pessoas que participaram dessa conquista. E cheguei a outra conclusão, nossa felicidade nao é só na infância, nós mudamos, mas nossos amigos tambem, eles tambem sentem falta daqueles momentos e é possivel sim viver cercado de pessoas que gostam da gente, basta algum esforço.
Nossa vida nao é o trabalho e podemos oferecer mais coisas as pessoas que estão em nossa volta, fazer a diferença realmente.

Quanta coisa para se conhecer, para se viver e tao pouco tempo...

O "Maluco beleza"


Como primeira postagem para quem é apaixonado por música, sou obrigado a comentar sobre um artista que para mim é o principal artista brasileiro. Raul Seixas, conhecido como Rauzito ou "maluco beleza" é um exemplo daqueles raros cantores que pensavam para escrever, algo incomum nas musicas atuais. Ele questionava o amor, a vida e a existencia de um jeito jovial.
Travou uma grande luta contra a normalidade, como se todos devessem seguir algo ja pensado e programado pela sociedade, ao contrario disso, preferia ser uma "metamorfose ambulante" que nao pensa igual a todos, mas do seu jeito.
Como um maluco ele vivia, mas vivia do seu jeito e sabia jogar o grande xadrez da vida, nao se considerava cantor, nem ator, nem pensador, mas sabia se posicionar dentro dessas areas e expressava sua opiniao de forma original.
Musicas que marcaram e que destaco aqui sao:

-Gita
-Há dez mil anos atraz
-metrô linha 743
-metamorfose ambulante
-medo da chuva
-al capone
-ouro de tolo
-trem das sete
-sociedade alternativa
-tente outra vez
- S.O.S

entre outras grandes musicas...

http://www.youtube.com/watch?v=24t18rKCg2s

Raul Santos Seixas (28/06/45 - 21/08/89), Filho do casal Raul Varella Seixas e Maria Eugênia Seixas, Raul cresceu na cidade de Salvador. Tinha um irmão mais novo, Plínio Seixas.
No começo Raul gostava de escutar Luiz Gonzaga, e essa "raiz" nordestina iria o acompanhar por toda a vida. Seu sonho era ser escritor, mas mais tarde conheceu Elvis Presley, que o apresentou o rock'n roll.
Monta um conjunto, "Os Relâmpagos do Rock", mais tarde "The Panters", e por último conhecido como "Raulzito e os Panteras", vai para o Rio de Janeiro gravar um disco pela gravadora Odeon em 67, que foi um fracasso.
Mas nos anos 70 Raul acaba se rebelando e grava seu segundo LP (intitulado Sociedade da Grã-Ordem Kavernista Apresenta Sessão das 10), o disco, todavia, foi retirado do mercado sob o argumento de não se enquadrar à linha de atuação da gravadora.
Em 1972 participou do VII FIC (Festival Internacional da Canção), promovido pela Rede Globo, e conseguiu a classificação de duas músicas, "Let me sing" e "Eu Sou Eu Nicuri é o Diabo", o que lhe deu projeção nacional.

No ano de1973, Raul conseguiu um grande sucesso com a música "Ouro de Tolo", uma música com letra quase autobiográfica, mas também um deboche com a Ditadura e o Milagre econômico.
No mesmo ano grava o LP Krig-Ha, Bandolo, com o qual Raul alcançou finalmente o sucesso, lançando músicas que viraram grandes HITS , como: Metamorfose Ambulante, Mosca na Sopa, Ouro de Tolo, Al Capone, e etc. Raul Seixas finalmente alcançou grande repercussão nacional como uma grande promessa de um novo compositor e cantor. Porem Raul nao era apenas um cantor, após lançar a musica "sociedade alternativa", Raul foi preso e torturado pelo DOPS, e exilado nos EUA.
No ano de 1979, separa-se de Tania. Começa então a depressão de Raul Seixas junto com uma internação para tratar do alcoolisomo. Conhece Angela Affonso Costa, a Kika Seixas, sua quarta companheira.
Em 1988, já sozinho, faz seu último álbum solo (A Pedra do Gênesis). No ano de 1989, faz uma turnê com Marcelo Nova, agora parceiro musical, totalizando mais de 50 apresentações pelo Brasil.
Raul Seixas faleceu no dia 21 de agosto de 1989, aos 44 anos. Seu corpo foi encontrado às oito horas da manhã, pela sua empregada, Dalva. Foi vítima de parada cardíaca: seu alcoolismo, agravado pelo fato de ser diabético, e por não ter tomado insulina na noite anterior, causaram-lhe uma pancreatite aguda fulminante. O LP A Panela do Diabo vendeu 150.000 cópias, rendendo ao Raul um disco de ouro póstumo, entregue à sua família e também a Marcelo Nova (parceiro de Raul, com quem gravou o LP), tornando-se assim um dos discos de maior sucesso do eterno Maluco Beleza.

ALGUNS PENSAMENTOS

"A arte de ser louco é jamais cometer a loucura de ser um sujeito normal."
"Ninguem tem o direito de me julgar a não ser eu mesmo. Eu me pertenço e de mim faço o que bem entender."
"O sonho do careta é a realidade do maluco."
"Eu não sou louco, é o mundo que não entende minha lucidez."
"Somos prisioneiros da vida e temos que suportá-la até que o último viaduto nos invada pela boca adentro e viaje eternamente em nossos corpos."
"A formiga é pequena, mas elas são um exército quando juntas."
"Nunca é tarde demais pra começar tudo de novo."

http://www.youtube.com/watch?v=sNQuN6xgBNo

http://www.youtube.com/watch?v=barDwym4Z-U&feature=related

CURIOSIDADES


Raul Seixas compôs Metamorfose Ambulante aos 12 anos.
A canção
Gita, foi inspirada num livro hindu, chamado Baghavad Gita. Raul Seixas afirmou que compôs a música para falar de DEUS, como um "todo".
A canção
Um Messias Indeciso, foi inspirada num livro chamado: As Ilusões - As aventuras de um Messias Indeciso.
A canção
Sociedade Alternativa é inspirada em escritos de um ocultista chamado Aleister Crowley.
A canção Água Viva, foi inspirada em um texto de São João da Cruz, um santo da Igreja católica.
Raul Seixas queria ser um ator, chegou a fazer um projeto de um filme que foi mal-sucedido, ele seria o personagem principal e também havia escrito o enredo. Ele dizia: " Sou tão bom ator, que finjo ser compositor e cantor, e todo mundo acredita. "


Dos artistas que o Brasil produziu, sem duvida Raul Seixas é um dos mais queridos e que marcaram nao só a geração dele, mas a minha geração, de pessoas que gostam de ouvir musicas que tenham sentido e algo a comunicar. Por isso infelismente, apelo a musicas antigas e chamo atenção para a importancia de usar um microfone para compor nao apenas musicas comerciais, mas que denunciem e incentivem mudanças de comportamentos essenciais em nossa sociedade.

Marco Aurélio Mattiola